túnel do tempo

As duas vezes que árbitros impediram vitórias do Operário diante dos chamados “grandes” e entre elas, jogo contra o Flamengo

Ex-goleiro do Fluminense-RJ, Carlos Castilho fez sucesso como técnico do Operário-MS.

Nesse período de “entressafra”, alguns sites ou até mesmo colunistas famosos, mergulharam no chamado “túnel” do tempo, resgatando lindas histórias do futebol brasileiro.

Entre os famosos, por exemplo, Milton Neves, ex-TV Bandeirantes que através de um vídeo postado, trouxe de volta à tona ou para que não sabe, a polêmica partida disputada no longínquo ano de 1.978, válida pela semifinal do Campeonato Brasileiro de 1.977, quando o Operário foi, “também”, duramente golpeado pela péssima arbitragem do carioca, José Roberto Wright.

Na verdade, o Galo tinha um timaço, formado por jogadores que considerados como “veteranos” não tinham mais vagas em seus clubes e após o desligamento, desembarcaram em Campo Grande e sob o comando do saudoso técnico Carlos Castilho, assustaram e muito o país e diante da qualidade do futebol mostrado em campo, uma das soluções encontradas para então, frear as ambições do “desconhecido” time ou do time do interior, era a interferência direta da arbitragem.

Infelizmente a época que retratamos agora, não tinha ainda o VAR, no entanto, nem sei se já existisse o mesmo, se os resultados seriam alternados.

Acima a frase “os resultados” está no plural, pois na verdade, o Operário foi “golpeado” (para não usar outro termo) dolorosamente em duas ocasiões e contra dois dos chamados “grandes” do futebol brasileiro.

Flamengo x Operário

O jogo entre as duas equipes aconteceu no dia 8 de fevereiro de 1.984 válido pela Copa Brasil e não Copa do Brasil, por favor!

Contra o São Paulo, eu ainda não morava em Campo Grande, mas nesse jogo, além de morar, trabalhava na Rádio Difusora e estive no Maracanã, acompanhando a partida.

O jogo foi válido pelo grupo “E”, da 4 rodada da primeira fase da Copa Brasil e nesse grupo, além dos dois times acima citados, tinha ainda o Palmeiras, Goiás e Brasília.

Jogo disputado em uma quarta-feira à noite e o Maracanã recebeu o público, conforme as minhas antigas anotações, em torno de 25 mil pessoas e foi dirigido “coincidentemente” pelo árbitro carioca Dalmo Bozano.

Ubaldo Filol.

Na época, o Flamengo tinha de fato um timaço mesmo!

Para se ter uma ideia mais concreta, o goleiro era o argentino Ubaldo Filol., que estava, pasmem há 27 jogos sem levar um gol, portanto estava invicto há 2.430 minutos, total esse sem os acréscimos.

Diante desse feito futebolístico, claro que o goleiro Filol era uma das grandes atrações do timer rubro-negro e ao ter o nome anunciado no Maracanã, foi ovacionado pelos torcedores.

Além do goleiro Filol, a defesa era composta simplesmente pelos jogadores Leandro, Mozer e Júnior. Será que era fácil entrar nessa defesa?

Mas o Operário, dirigido pelo técnico Carlos Castilho, também tinha um super time, na verdade um “timaço” que era formado por grandes jogadores em todas as posições, principalmente no ataque onde o time tinha Edinho, Lima e Nenê, que invertiam de posições, dificultando em muito as suas marcações.

Lima, por exemplo, quando “caia” pela esquerda, e jogava a bola uns dez metros à frente, revelou que Leandro corria atrás e ia “xingando” o mesmo, no sentindo de intimidá-lo, mas nada!

Pois bem, iniciado o jogo e empurrado pelos 25 mil torcedores, o Flamengo não tomou conhecimento e foi logo “imprensando” o Galo que sem ter saída, ficou bom tempo encurralado em seu campo de defesa e com isso, o time da Gávea abriu logo 2 x 0 ainda no primeiro tempo, com os gols sendo marcados pelos jogadores Tita e Mozer.

Marcinho

O Operário terminou o primeiro tempo perdendo, mas estava bem no jogo e todos tinham a confiança, quase que a certeza que dava pra encarar o Flamengo, em pleno Maracanã.

Dito e feito!

Na volta do segundo tempo, em uma das escapadas do ataque, o Galo teve um escanteio a favor e que foi cobrado pelo lateral direito César. A bola foi à meia altura para a área do Flamengo e eis que aparece o meia direita, camisa 8 de fato, Marcinho, que hoje reside na Capital Mineira e com um toque sútil, além de ter matado o goleiro Filol, acabou também com a sua longa invencibilidade!

O gol deu nova vida ao jogo e o Operário de fato tinha um timaço e estava bem no jogo e o gol meio que deixou o Flamengo “grogue” em campo e Lima, em uma das suas disparadas, com Leandro sempre correndo atrás, chegou ao empate: 2 x 2, calando o Maracanã, onde os torcedores. A partir de então, passaram a ver o Galo jogar bola.

Ajuda do árbitro

A partida caminhava para o fim, mas…. Sempre tem o mais. Né? Pois é. mas. Ai apareceu o bom “jogador” Dalmo Bozano que fez vistas super grossas, na jogada em que o atacante Nunes, do Flamengo, com um golpe, literalmente empurrou e derrubou o jogador Valdir e ficou frente a frente com o goleiro Ivan e marcou o terceiro gol do jogo.

O lance gerou muitas reclamações por parte dos jogadores do Operário que teve o lateral direito César expulso da partida.

O gol foi duramente criticado pelo comentarista de arbitragem Mário Vianna, na Rádio Globo, do Rio de Janeiro que tal como os jogadores do Galo, também viu, lá de cima, das cabines de rádios, a falta cometida por Nunes.

Mas fazer o que né?

Na época não tinha ainda o tal do “VAR”, mas ai eu me pergunto: e se tivesse, será que o lance do jogo do Flamengo disputado em pleno Maracanã, com a chamada “massa rubro-negra”, contra o Operário, será que seria anulado? Sei lá, tenho minhas dúvidas!

Times

Na época, dirigido ainda pelo técnico Cláudio Coutinho (In memoriam), o Flamengo teve a seguinte escalação:

Ubaldo Filol; Leandro, Mozer, Figueiredo e Júnior; Andrade, Adílio e Tita; Lúcio, Nunes e João Paulo.

Operário comandado pelo saudoso técnico Carlos Castilho, contou com: Ivan; César, Dito, Odair e Dionísio (In memoriam); Marcinho, Valdir e Biro-Biro; Edinho, Lima e Nenê.