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Campo Grande, sexta-feira, 26 de janeiro de 2024.
Neste domingo, 14 de janeiro, foi comemorado o Dia do Treinador de Futebol, lindo dia, pois o mesmo no passado brilhante, era destinado à prática da referida modalidade. Ainda em tempo, a equipe do site grito regional.com.br externa os parabéns a todos!
Felizmente nos chamados grandes centros, a profissão se tornou muito valorizada e nela, tem sido revelados ótimos profissionais que através dos seus conhecimentos colocados em prática através das suas táticas, revolucionaram em muito o futebol.
Nossa como é bom ter idade! Ser na verdade um septuagenário, pois ao longo dos 70 anos bem vividos, sempre com algumas, digamos, boas histórias para serem revivida e até mesmo contadas, pois nos dias atuais, no futebol de MS, anda meio “xoxo”, sem graça e isso boa parte se deve ao interesse da imprensa ou ao tal do “politicamente correto”, mas futebol sem “fuxico”, sem comentários, acaba se tornando “morto”.
Pois bem, revendo aqui as folhas bem amareladas pelo tempo, onde ainda consigo ler algumas das minhas ainda existentes anotações, voltei à década de 1.980, quando o futebol em Mato Grosso do Sul era “fervilhante” e muito agitado diariamente.
Como eu era o setorista do Operário, que treinava na Poliesportiva, localizada na saída para Terenos, claro que alguns dirão: “nossa tempo do onça ainda”, sim, tempo, não do onça, mas sim das boas e inesquecíveis onças que rugiram alto, firme e forte e marcaram a época de ouro do futebol de MS.
Naquela época, passaram pelo comando técnico do Operário, profisisonais como Carlos Castilho que ao deixar o comando do Galo, foi campeão pelo Santos, Urubatão, Nenê, Paloti, Sílvio Elite, o técnico argentino Filpo Nunes, sendo esse o mais carismático, na verdade, uma “figuraça”, enfim, uma série de bons treinadores e todos deram suas valiosíssimas parcelas de contribuição para o crescimento na época, da modalidade, mas que hoje “murchou” e muito e pouco se ouve falar.
Fidélis
Pela famosa Poliesportiva, que nas sextas-feiras à tarde, eram realizados os chamados treinamentos coletivos, recebia mais de 500 torcedores, que assistiam o treino e isso, era devido à qualidade técnica dos jogadores. Por lá, também passou também o técnico José Maria Fidélis dos Santos, (In Memoriam) ou simplesmente Fidélis e para os amigos “touro-sentado”.
Fidélis, ex-jogador, foi um combativo lateral direito, começou no Bangu, de onde se transferiu para o Vasco da Gama e depois conquistou vaga na seleção brasileira.
Era um jogador mediano, parrudo e devido ao porte físico, não perdia um lance na dividida e da correntinha pra baixo – chavão muito utilizado na época – era canela e ele batia firme e forte!
Vale lembrar que o apelido -touro sentado – ele herdou devido à semelhança física com o líder indígena americano. Ele não se importava, até gostava, pois lhe dava mais imponência.
Ao encerrar a brilhante carreira de jogador e devido ao seu vasto conhecimento, iniciou a sua trajetória como técnico ou treinador de futebol, tendo conquistado títulos por alguns times.
Operário
Mais precisamente em 1.985, o Operário dirigido pelo presidente Oswaldo Durães, o melhor presidente da sua longa história e que deixou muita saudade aos torcedores, anunciou a contratação justamente de Fidélis, para dirigir o time do Galo no campeonato estadual, com vistas à vaga no Campeonato Brasileiro, mais precisamente no Módulo Branco.
Anúncio feito e concretizado! Já em Campo Grande e sempre solícito, Fidélis atendia a todos com muita educação e demonstrava certo conhecimento tático e com ele, o Galo conquistou o título de campeão estadual.
Com a conquista do título, o time assegurou a vaga no Campeonato Brasileiro, no chamado “Módulo Branco”.
Para tal competição, pois a mesma era nacional e o Galo jogaria em outros centros do país, o presidente do Clube, Oswaldo Durães ao lado do diretor de futebol, o saudoso Ari Rodrigues (In Memoriam), pensaram em dispensar o técnico campeão, “touro-sentado”, mas na verdade não tinha motivos, afinal ele havia recém conquistado o tão sonhado título e garantido a vaga na competição nacional e além disso, era um profissional muito trabalhador!
Calou Durães!
Sem nenhum motivo aparente, capaz de causar a demissão do comando técnico do time do Operário, certa tarde de sexta-feira, antes do treino na Poliesportiva, após uma “reunião” com Ari Rodrigues, Oswaldo Durães tomou a decisão de demitir o referido treinador.
Após essa decisão, ambos, cada um em seu carro, seguiram para a Poliesportiva, local do treinamento onde ao chegarem, Fidélis, no centro do gramado, faziam aquela tradicional reunião com os jogadores integrantes do elenco e nela, as suas patacoadas.
Chegando à poli, o presidente Oswaldo Durães entrou em campo, ficou afastado de onde estavam os jogadores enquanto que Ari Rodrigues, no papel de diretor de futebol, se dirigiu à “rodinha” e disse ao Fidélis que o Presidente do clube, queria falar com ele.
Inocentemente e prontamente, Fidélis pediu licença aos jogadores e saiu do “bolo” e se dirigiu onde estava Oswaldo Durães, a quem cumprimentou de boa.
Após a conversa que serviu mais pra “quebrar o gelo”, prontamente Oswaldo Durães meteu a mão no bolso da calça, de onde tirou um pedaço de papel, contendo a escalação do time e com o mesmo, tentou um pretexto para causar a demissão do treinador e disse:
“Fidélis, o time que que quero que entre jogando é esse aqui! E entregou o papel ao treinador.
Fidélis pegou o papel e calmamente leu e depois disse:
“Presidente, vejo que o senhor entende mesmo muito de futebol! Pois esse é o time que eu pretendo escalar no coletivo daqui a pouco! Meus parabéns! Por isso que eu gosto do senhor, pois vejo que entende mesmo!
Diante da resposta, Oswaldo Durães ficou sem ação e com isso, acabou mantendo Fidélis “touro sentado” no comando e o time conquistou o título de campeão brasileiro no Módulo Branco, ao derrotar por 1 x 0, gol de Guina, cobrando pênalti, o Payssandu, no Morenão.
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