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Campo Grande, domingo, 10 de dezembro de 2023.

Este é o Qualhada!

“Qualhada”, uma história de vida e de amor dedicada ao futebol amador da Capital de MS

Por Gilson Giordano em 26/05/2021 às 17:06

Uma vez mais, o campo do bairro Santa Felicidade receberá milhares de torcedores, no jogo da decisão neste domingo (Foto: Facebook)

O cenário está pronto e o palco está armado para mais uma decisão e desta feita, do 26º Campeonato de Futebol Amador, disputado no campo de terrão, do bairro Santa Felicidade.

Olhando a foto, a primeira impressão que se tem é que o local, o campo e o seu entorno, sempre foram desse jeito, pronto para receber os milhares de torcedores que não apenas em dias de decisões, mas de forma geral, durante ao longo dos campeonatos ali disputados, demonstra o seu amor, carinho e respeito pelo organizador das competições e há 26, está à frente de um dos mais tradicionais e talvez longevo campeonatos da modalidade disputado na Capital de MS.

Afinal, nesse tempo todo, foram tantos pedidos feitos, várias horas de espera para ser atendido e apesar de todos os encalços, esse desportista de 59 anos, nunca desistiu do seu ideal que era de organizar campeonato de futebol amador e hoje, ele se vê recompensado pela luta, pelas longas esperas e por sediar mais uma decisão, no campo que ele praticamente construiu para a alegria do povão, “Qualhada” se sente um vitorioso, na verdade o campeão!

Por isso, como se fosse um coral, dos mais afinados todos agradecem ao desportista Antônio Jerônimo da Silva. Quem? Antônio Jerônimo da Silva. Desculpe, mas ninguém conhece essa pessoa aqui no bairro Santa Felicidade!

Trata-se do “Coalhada!” Ah, sim! Esse nós conhecemos e muito!

Essa é tônica entre os moradores do bairro Santa Felicidade, localizado próximo às Moreninhas, na saída para São Paulo.

Assim pode ser resumida a vida diária desse Pedro-gomense, que há 40 anos, chegou à Capital de MS, acompanhando a irmã que saiu da cidade do interior para fazer tratamento e por aqui ele ficou. Quanto à irmã, a história é outra ele não gosta muito de lembrar, mesmo porque também não é o momento.

Hoje, aos 59 anos de vida, dos quais 26 dedicados ao futebol amador do bairro Santa Felicidade, tendo iniciado a organização, com a mesma categoria veterano, na época com apenas oito times e hoje, graças à credibilidade por parte do organizador, a competição tem 28 times que tão logo abrem as inscrições, disputam uma das vagas, pelo fato de o mesmo ser hoje uma vitrine para a modalidade.

Início

No início de tudo, “Qualhada” lembra que hoje o local que é um cartão de visita do bairro, há 31 anos quando chegou ao local, o campo a bem da verdade já existia, mas no seu entorno o mato era muito alto e grande e em volta do campo, era a capoeira.

“Tinha apenas o local do campo e aos poucos fomos arrumando, ajeitando”, disse “Qualhada”, ao reconhecer que o local era muito feio.

“Mas hoje, o campo está nessa situação, pronto e apropriado para a prática do esporte e aproveito para convidar a todos para este domingo (30), para mais uma decisão”, se antecipou “Qualhada”.

Começo

Natural de Pedro Gomes, de onde veio em 1980, cidade localizada na região norte do Estado e distante da Capital a 260 quilômetros, revelou que sempre gostou de futebol, garantindo que o primeiro time que defendeu na Capital do Estado, foi Poste Cavan, do Arlindo, que era o dono da equipe.

Alias, quanto à prática da modalidade, “Qualada” garante que até hoje ele exerce e aos 59 anos de idade, bem vividos, garante que, joga normalmente às sextas-feiras à noite, na Arena Campo Nobre, onde tem feito os seus “golzinhos”. “Ainda dou um pouco de raiva para os adversários”, brinca o sempre sorridente “Qualhada”, esbanjando muita alegria.

Tempo, senhor da razão

O tempo passou e hoje tudo mudou. Até mesmo o futebol que não é mais disputado como no passado, onde grandes craques desfilavam pelos campos dos bairros da Capital. Hoje mesmo mais limitado, o Campeonato da categoria Veterano, do bairro Santa Felicidade é um dos tradicionais na Capital e até mesmo em outras cidades do Estado, para essa comprovação, basta ver as qualidades dos times que disputarão o título de campeão neste domingo: ACF x Garolle Seguros/LL Imóveis, que têm em seus elencos jogadores com excelentes qualidades técnicas.

“O meu campeonato é muito falado no Estado todo. No interior, se ouve falar muito no campeonato do ‘Qualhada’, pelo fato de o mesmo ser organizado com a maior seriedade, aonde os times que chegam às finais, recebem tão logo acabam os jogos, as suas premiações e nesse todo, nunca as equipes que fizeram jus ficaram sem receber, a premiação anunciada”, afirma o longevo organizador de campeonatos na Capital de MS.

Qualhada

No bairro onde mora e ambos se completam, um fazendo jus ao outro – Felicidade – ninguém o conhece pelo nome Antônio Jerônimo da Silva e diante disso, os mais curiosos querem saber a origem do apelido “Qualhada”.

Ele recorda que o apelido surgiu em 1980, quando mudou de Pedro Gomes para Campo Grande, onde trabalhou na fábrica de poste Cavan, ao lado do pai e dos irmãos, sendo que o pai tinha o apelido do “Quaiada”, quando tudo começou.

“Qualhada”, uma história de vida dedicada boa parte dela, para o futebol e o social para a sua comunidade (Foto: Divulgação)

“Eu jogava bola e tinha um cabelo grande e o pessoal me apelidou de Qualhada, pois na época, tinha o personagem do Chico Anízio (In Memorian) e começaram me chamar, eu aceitei e hoje, todos me conhecem pelo apelido. Se chagarem aqui (bairro Santa Felicidade) e falar o meu nome, ninguém me conhece, mas ao falar “Qualhada”, todos sabem quem é”, diz com muita alegria pelo fato de ser reconhecido por todos e forma positiva, pelo bem que proporciona à comunidade.

Parceria

Há quatro anos “Qualhada” acabou fazendo uma parceria de trabalho com o casal Wanderson Zóio e Cínthia Barros, a quem ele rasga os elogios ao casal.

“Foi uma parceria para mudar, que revolucionou o campeonato no Santa Felicidade”, disse lembrando que quando começou era tudo à base das anotações no papel e caneta.

“Fiz essa grande parceria que veio para mudar com o Zóio e a Cínthia”, disse “Qualhada” que para externar a mudança na qualidade da organização das competições, relembrou da frase dita pelo jogador Bruno Henrique, do Flamengo e em tom de brincadeira ele disse que a chegada do casal deu “oto patamar”.

Qualhada (e) e Wanderson Zóio, a parceria que deu certa nas organizações dos campeonatos no bairro Santa Felicidade (Foto: Facebook)

“A parceria mudou por completo a organização do campeonato, que ficou mais bem organizado. Hoje, tudo é pelo computador, súmula, lista. Acaba a rodada, todos os times recebem e sabem o que mudou no campeonato. Eles de fato somam e muito para o sucesso das competições”, ressaltou “Qualhada”.

Na mesma entonação, o casal Wanderson Zóio e Cínthia Barros, também destaca a parceria firmada com o longevo organizador de competições no bairro Santa Felicidade.

“Vejo o ‘Qualhada’ como um amigo, um irmão na verdade, antes eu só participava do campeonato dele e depois disso, o meu time foi campeão e como já o conhecia há muitos anos e vejo ele como um amante do futebol,  que luta pelo melhor, se preocupa pelo social. É um parceiro mesmo”, afirma Zóio de forma taxativa.

Reconhecimento

Ao longo desses anos todos, o desportista “Qualhada”, nunca foi ao menos lembrado pelos órgãos governamentais, municipal ou estadual, para recebe alguma homenagem, a mais simples que fosse,pelos serviços prestados à comunidade do bairro Santa Felicidade bem como as outras. Lamentável!

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